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Caos no serviço público


publicado em 20/05/2012


Em apenas dois anos, greves marcam gestão de Camilo Capiberibe

A Gazeta fez um balanço dos movimentos grevistas por todo o Estado nesses cinco meses e constatou a falta de habilidade política da atual gestão.


Maiara Pires

Foto: Arquivo/a Gazeta
Além do Estado, algumas prefeituras também não conseguem conversar om os professores municipais resultando na paralisação total das aulas na rede pública.
Conseguir conversar com a equipe técnica do governo não é uma das tarefas mais fáceis, apesar de o governador Camilo Capiberibe propagar que sempre está aberto ao diálogo. Abrir mesa de negociação leva meses e até anos, há custo de greves e paralisações e ainda assim, não é garantia de ter as reivindicações atendidas. A exemplo de 2011, este ano está sendo marcado por manifestações de diversas categorias do serviço público. Todos reivindicam o cumprimento de promessas acordadas no ano passado e outras conquistas garantidas em lei.

A Gazeta fez um balanço dos movimentos grevistas por todo o Estado nesses cinco meses e constatou a falta de habilidade política da atual gestão. Da saúde à educação, passando pela segurança e administração, o Amapá tem enfrentado momentos de instabilidade refletidos diretamente na população.

Com R$ 3,5 bilhões, ao que tudo indica, o governador Camilo Capiberibe não está conseguindo administrar o orçamento de 2012. Acompanhe alguns setores em crise.

EducaçãoUm mês de greve dos professores completados neste domingo (20), fora os dias contabilizados com paralisações de advertência, não foram suficientes para sensibilizar o Governo do Estado a conceder o piso nacional da categoria, entre outras reivindicações, como investimentos na educação amapaense. Agora o Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá (Sinsepeap) pretende arrecadar até quarta-feira (23), 10 mil assinaturas da população pedindo ao governador Camilo Capiberibe que atenda às solicitações da classe.

Além do Estado, algumas prefeituras também não conseguem conversar com os professores municipais resultando na paralisação total das aulas na rede pública. É o caso de Ferreira Gomes. Em greve desde o último dia 7, os professores municipais cobram do prefeito Valdo Isakson (PT) reajuste de 20%, incluindo os auxiliares de disciplina, merendeiras e serventes. Mas o gestor propõe apenas 6%.

Já em Oiapoque, o prefeito Aguinaldo Rocha (PP) foi mais maleável com os professores, mas só depois de um ato público que eles fizeram no último dia 11, em frente ao monumento histórico da cidade. Os profissionais reivindicavam reajuste salarial, merenda para os alunos, melhoria na estrutura das instituições e o pagamento atrasado do salário do pessoal de apoio. As aulas voltaram ao normal no dia seguinte nas sete escolas do município, quando o prefeito reuniu com os manifestantes para entrarem em acordo.

GestãoO governo estadual precisou de cinco meses para avaliar e responder os questionamentos do Sindicato do Grupo de Gestão do Amapá (Singaap). Antes disso, os quase 2 mil servidores que compõem a categoria, tiveram que interromper por dois dias, os serviços em postos como o Super Fácil, Prodap, órgãos da Secretarias de Estado da Saúde (Sesa), Administração (Sead) e de Inclusão e Mobilização Social (SIMS), entre outros.

O objetivo foi chamar a atenção do poder executivo para que apresentasse sua contraproposta aguardada desde janeiro deste ano pelo Sindicato. Somente na última sexta-feira (18), os servidores foram recebidos pelo governo para tratar de suas reivindicações. Entre elas, a confusão que se formou depois que entrou em vigor a Lei 1.269/2009 que regulamenta o Plano de Cargos, Carreiras e Salários – resultando, por exemplo, na defasagem salarial.

Segurança Como em todas as manifestações cobrando o que deveria ser obrigação do gestor público, o governo do Estado acionou a justiça para impedir a paralisação das atividades nas cinco unidades de internação de menores da Fundação da Criança e do Adolescente (Fcria). Por isso, os funcionários que pretendiam ficar de braços cruzados até às 18 horas do último sábado (19), tiveram que voltar ao trabalho às 12 horas no terceiro dia de paralisação de advertência.

Mas a partir desta segunda-feira (21), o Sindicato do Grupo Socioeducativo e de Proteção (Singsep) vai questionar o mérito da decisão judicial que considerou o movimento ilegal. E até o final da semana deve reunir com a classe para analisar a possibilidade de greve da categoria.

A paralisação dos trabalhos foi decidida em assembleia extraordinária, depois de várias tentativas de diálogo com o governo. Os mesmos problemas reivindicados hoje pelos servidores foram conhecidos pelo atual governador Camilo Capiberibe, durante o seu mandato de deputado estadual.

Para cobrar o cumprimento das promessas de atender às suas reclamações, o Sindicato dos Agentes e Educadores Penitenciários do Estado do Amapá (Sinapen/AP) também teve que cruzar os braços por três dias. Sem chegar a um acordo desde 2011, a categoria ameaça parar os serviços novamente no fim deste mês, caso o governo não cumpra o que prometeu novamente aos servidores. Eles reclamam da falta de reconhecimento da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sejusp) com os agentes penitenciários, principalmente com relação ao salário base do sistema prisional amapaense, que ocupa o 18º lugar como o menor do Brasil.

Saúde A suspensão dos plantões médicos está mantida a partir de 1º de junho se o governo não pagar as escalas na mesma data do salário dos profissionais. Além de irregularidades na prestação de serviço médico fora do horário de trabalho, as condições precárias em que desempenham suas atividades, afugentam profissionais do Amapá.

O resultado é a demora e falta de atendimento adequado à população. No Centro de Referência em Doenças Tropicais (CRDT), por exemplo, não tem dermatologista suficiente e a as consultas são desmarcadas todos os dias. Única instituição especializada em doenças de pele no Estado, o CRDT dispões de apenas 8 médicos para atender cerca de dois 2,5 mil pacientes por mês.

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